- Quero aqui Homenagear o Povo do Laguinho, por serem Lutadores e conseguirem a tão Almejada Fama de um Ritmo Super Famoso que é O Ritmo do Marabaixo.
.UM POUCO DA HISTÓRIA DO RITMO DO MARABAIXO:
Celebrado em 20 de novembro no Brasil, o dia é dedicado à reflexão sobre a história da inserção da população negra na sociedade brasileira.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar da resistência da população negra à escravidão de forma ampla, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1549), e da imensurável contribuição do povo negro na construção do país, na formação da sociedade nacional e na extraordinária miscigenação ocorrida no país.
Como tudo começou no Amapá
Em todo o país, a história dos negros que atravessa séculos, se confunde com o tráfico de escravos da África para o Brasil no período colonial. Informações dos livros de história do Amapá, bem como da história do negro na Amazônia, dão conta da entrada de negros na região no século XVIII para atuarem como mão-de-obra escrava na agricultura e em fortificações militares.
primeiro foco de povoamento essencialmente para o Amapá, com inclusão do negro, aconteceu a partir de 1771, quando cerca de 114 famílias de colonos lusos oriundos da costa africana, em decorrência de conflitos político-religiosos gerados entre portugueses e mulçumanos, foram transferidas, juntamente com seus escravos, para Nova Mazagão, atual município de Mazagão.
Da herança colonial, surgiram diversas vilas, principalmente nos municípios de Mazagão, Macapá, Santana e Calçoene, sendo a base da economia desses lugares a agricultura e a criação de animais para a subsistência.
Comunidades Negras: Memória, Mito e História
Curiaú
reverencianegros 14A comunidade do Curiaú situada ao norte da cidade de Macapá tem sua população formada predominantemente por negros descendentes de escravos. Trata-se de uma comunidade constituída por dois pequenos núcleos populacionais denominados Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora, separados por uma distância de 1 Km.
A origem histórica da comunidade do Curiaú tem sido alvo de controvérsias por parte de historiadores, sociólogos e outros profissionais que arriscam um conhecimento sobre o sentido originário da vila e seus habitantes.
Para alguns pesquisadores, o Curiaú é apresentado como sendo um quilombo formado a partir da oposição dos negros ao trabalho escravo por ocasião da construção da Fortaleza de São José de Macapá (1764-1782).
Mas o fato é que sobre a origem do Curiaú, pode-se concluir que a definição desse povoado como um quilombo começa a partir da legítima resistência dos negros ao trabalho escravo na construção da fortificação portuguesa.
Bairro do Laguinho
Segundo a tradição, o local era conhecido como "Poço da Boa Hora", onde morava um senhor descendente de escravos. Nas horas do meio-dia e das seis da tarde ninguém se atrevia a passar pelo local, pois esse senhor fazia malvadezas. A referência do nome do morador (Pretinho) está na obra de Fernando Canto "Telas e Quintais". Até os dias de hoje não se sabe ao certo o local exato onde ficaria localizado o tal "Poço da Boa Hora".
O primeiro governador do então Território do Amapá, capitão Janary Nunes, depois de instalar seu governo, desejando a expansão urbana de Macapá e de áreas nobres para construir edificações públicas e residências para o funcionalismo e também para a própria residência governamental, entrou em contato com os moradores da praça Barão do Rio Branco, a fim de convencê-los a aceitar uma transferência de local.
Com a ajuda do líder, Mestre Julião (Julião Tomás Ramos), os moradores da praça formavam uma comunidade negra chamada vila Santa Engrácia. Esta vila era o local onde se manifestavam as tradições folclóricas amapaenses.
Os membros da comunidade aceitaram a proposta de Janary Nunes e tiveram suas residências transferidas para os campos do Laguinho, onde o governo havia construído uma série de casas. O local se chamava campo dos Laguinhos porque tinha suas terras cercadas por pequenos lagos.
O Laguinho era limitado, ao norte, pelo antigo campo de aviação onde o cantador de Marabaixo, Raimundo Ladislau, escreveu estes belos versos, daquele que pode ser considerado o Hino da Nação Negra do bairro do Laguinho:
"Aonde tu vai, rapaz
Por estes campos sozinho?
Vou fazer minha morada
Lá nos campos do Laguinho..."
Mais tarde o Laguinho mudou de nome, passando a se chamar Julião Ramos. Após um plebiscito realizado entre a população do bairrro, o local voltou a ser chamado de Laguinho. Lá se encontra a Escola Estadual General Azevedo Costa, a sede da União dos Negros do Amapá, além da Praça Julião Ramos.
Bairro do Goiabal
Outra referência para as comunidades negras do Amapá é a Lagoa dos Índios, que está presente na memória dos mais antigos como lugar de origem de alguns de seus descendentes. Localizada próxima à área urbana de Macapá, com acesso pela rodovia Duque de Caxias, a Lagoa dos Índios dá nome à comunidade remanescente de quilombo, que é tão antiga quanto à do Curiaú. O lugar que veio ser habitado pela comunidade negra foi inicialmente povoado por grupos indígenas; daí o nome “Lagoa dos Índios”. Pelos relatos dos moradores mais antigos, é possível identificar que a presença de negros oriundos da escravidão na área ocorreu mais fortemente a partir da primeira metade do século XIX.
A partir dos anos de 1980, com o aumento significativo da entrada de pessoas que não faziam parte da comunidade quilombola e com a instalação de uma fábrica de beneficiamento de goiaba (atualmente desativada), parte da área recebe o nome de bairro do Goiabal.
Apesar do conflito e do parcelamento de seu território, a comunidade do Goiabal resiste e possui um patrimônio cultural específico. Sua história é constitutiva da história de diversas outras comunidades, seja através do Seu Chico da Lagoa, que faz a ladainha em diversas comunidades, seja pelo grupo de Marabaixo, que se apresenta nas festas de santos e em outros eventos.
O Marabaixo: A dança típica do Amapá
reverencianegros 6Murta, festeiro, ladrão, assim nasce uma tradição. Uma forma de esquecer a tristeza e a dor. Um povo africano uma cultura criou. O Marabaixo é uma dança que faz parte da história e cultura do Amapá. Resgata a auto-estima do povo negro. Nasceu da saudade, da distância e do isolamento vivido pelos africanos que por volta de 1771 chegaram ao Amapá para povoar uma vila programada, hoje conhecida como Mazagão Velho.
reverencianegros 4Carregado de gingado, o Marabaixo surgiu quando em uma viagem um poeta negro que vinha doente faleceu. Não havendo como enterrá-lo, seus companheiros resolveram jogar seu corpo ao mar abaixo, pois de acordo com a crença africana o mar era bento e o corpo do poeta estaria agasalhado e protegido. Seguindo viagem para o Brasil, prometeram que quando avistassem terra firme fariam uma homenagem ao companheiro morto.
Em terra, fizeram uma batucada com um instrumento chamado caixa e se despediram do poeta cantando e dançando. A partir daí a dança foi batizada de Marabaixo e passou a fazer parte das manifestações folclóricas do povo amapaense que homenageia ao Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade dos Inocentes.
reverencianegros 8O Ciclo do Marabaixo é realizado em quatro locais em Macapá, dois na Favela, antigo Santa Rita, e dois no Laguinho, que são bairros tradicionais, inicialmente povoados por negros. Nos últimos anos a comunidade de Campina Grande, zona rural de Macapá, também realiza as homenagens.
Grandes nomes da cultura negra do Amapá
reverencianegros 16É inestimável a contribuição da população negra para o desenvolvimento do Amapá. Grandes nomes dessa gente trabalhadora que fizeram e continuam fazendo parte da cultura e da historia de nosso Estado, nos remete à Tia Biló, ao Sacaca, ao Mestre Pavão, ao Mestre Julião Ramos, à Tia Zefa, Tia Chiquinha, Tia Luci, Maria Libório do Marabaixo, Mãe Luzia, Verônica dos Tambores, cantor Zé Miguel entre outras tantas importantes personalidades.
NOSSA REVERÊNCIA
Com especial respeito e admiração aos antepassados que aqui habitaram e tanta herança legaram ao conjunto de bens que formam a sociedade amapaense.